Nas minhas palavras...

Tuesday, September 26, 2006

Estrela da Tarde

Letra de José Carlos Ary dos Santos, em voz de Carlos do Carmo. Uma música a rossar os limites da perfeição:

Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia,
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas e eu entardecia,
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo, mordia,
Quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia.

Quando nós nos olhámos tardámos no beijo que a boca pedia,
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria,
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia,
Era tarde de mais para haver outra noite, para haver outro dia.



Meu amor, meu amor,
Minha estrela da tarde,
Que o luar te amanheça e o meu corpo te guarde.
Meu amor, meu amor,
Eu não tenho a certeza,
Se tu és a alegria ou se és a tristeza.
Meu amor, meu amor,
Eu não tenho a certeza.



Foi a noite mais bela de todas as noites que me adormeceram,
Dos nocturnos silêncios que à noite de aromas e beijos se encheram,
Foi a noite em que os nossos dois corpos cansados não adormeceram,
E da estrada mais linda da noite uma festa de fogo fizeram.

Foram noites e noites que numa só noite nos aconteceram,
Era o dia da noite de todas as noites que nos precederam,
Era a noite mais clara daqueles que à noite amando se deram,
E entre os braços da noite de tanto se amarem, vivendo morreram.

Eu não sei, meu amor, se o que digo é ternura, se é riso, se é pranto,
É por ti que adormeço e acordo e acordado recordo no canto,
Essa tarde em que tarde surgiste dum triste e profundo recanto,
Essa noite em que cedo nasceste despida de mágoa e de espanto.

Meu amor, nunca é tarde nem cedo para quem se quer tanto.

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